quarta-feira, 16 de julho de 2014

Buscador: Poderia falar um pouco sobre Seva?

Buscador: Poderia falar um pouco sobre Seva? 

Satyavan: Antes de mais é preciso que entendas que não sabes de nada enquanto não souberes quem és, enquanto não fores reabsorvido pelo teu próprio esplendor, e te dissolveres nele. Não importa quanto já estudaste quanto já praticaste ou quantos anos/eras pse passaram, até à grandiosa dissolução no esplendor da tua Real Existência, nada sabes. Ganha ou recupera esta humildade, ela é preciosa. Pode-se dizer ingenuamente que tudo é um passo para a verdade, mas cada passo não leva para mais perto. Não existem degraus ou distâncias para a Verdade, em verdade ou sabes ou não sabes! 

Seva é a luz que revela o ouro. Seva é uma necessidade para o buscador da verdade. Um buscador da verdade é aquele que está ativa e intensamente engajado na busca pela verdade. É aquele que sabe que nada sabe. O verdadeiro buscador da verdade não assume que já sabe muito, que atingiu determinado nível espiritual, ou nível de conhecimento. O seu coração anseia pelo Real Preenchimento, pela Realização da Verdade, pela Fonte. 

A maioria dos buscadores está preso aqui, o seu caminho está ao serviço da sua vontade, das suas ideias, das suas crenças. A sua ilusão é o que norteia a sua busca, e essa busca chega a nenhum lugar, apenas perpetua o movimento, pois aquilo que está em busca é exatamente aquilo que não quer encontrar, é o equívoco que busca perpetuar-se. A mente acha que vai chegar a algum lugar, no entanto terá de desaparecer. Uma jornada longa de acumulo de pressuposto conhecimento espiritual que amolece ou endurece ainda mais o individuo, perpetuando a individualidade, o equivoco. A mente será apenas testemunha da grandiosidade, e desaparecerá com o sonho. 

Quando o buscador se torna um buscador da verdade, aquilo a que ele chama de sua mente já se rendeu aquilo a que ele chama do seu coração. E o seu coração está ao serviço da verdade! E seu coração impele-o em direções contrárias à sua mente, levando-o a quebrar com os seus medos com as suas limitações... Estar ao serviço da verdade é seva! Todas as ações do buscador devem estar ao serviço da Verdade, da Fonte. O buscador terá de se entregar à Fonte. Quando aquilo a que o buscador chama de sua mente se coloca ao serviço daquilo a que o buscador chama de seu coração, então emerge o buscador da verdade, ele está pronto para receber instrução. Do estar pronto até receber pode demorar um pouco dependendo da sua percepção. Mas a instrução virá! 

No inicio é o constante reafirmar da entrega, é a fricção entre a instrução e as suas crenças, o seu mundinho, aceitando a instrução, rejeitando as suas próprias vontades, as impressões que surgem nele mesmo, vivendo as crises emergentes desse conflito, depois virá a quietude que permanecerá dissolvendo as restantes estruturas... 

Aquilo a que normalmente se chama de seva, o serviço desinteressado é um meio de interação, sintonia entre o buscador e a Fonte. Só deve existir seva para o buscador, ele não mais deve empregar as suas ações na perpetuação do equivoco, por isso ele entrega aquilo a que chama o seu corpo, as suas emoções, os seus pensamentos ao serviço da Fonte, na visão do buscador as suas ações devem beneficiar tudo e todos menos a ele mesmo, ele deixa de alimentar aquilo a que chama de seus sonhos, o futuro, a segurança, aquilo a que ele chama de suas ações não mais servem o propósito da manutenção do equívoco, da sua ilusão. Para o buscador da Verdade, a fonte é o Guru, o Guru é a fonte. Seva não é a luz que mostra a Verdade, mas é a borracha que apaga a ilusão.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Diálogos com Buscadores da Verdade - 1

1º Diálogo

Buscador: Diz Satyavan quanto silêncio é necessário para o despertar? melhor para o despertar do Buscador da Verdade? Se Sou ainda reluto, ainda que diga e afirme repetidamente como um mantra Eu Sou, reluto... quanto silêncio ainda se faz necessário? Quanto?...

Satyavan:
Do silêncio do buscador emergem os gritos da sua ilusão! O buscador do bem-estar abafa-os, faz de conta que não é nada, espera que passe... O buscador da verdade abraça-os, mesmo que viaje até a mais profunda agonia, não descansa enquanto não se liberta de seus medos! O silêncio é a luz que mostra a própria ilusão, e os medos são os guardiões da mesma. Se o silêncio não mostra esses medos, então ainda não é silêncio! Se o buscador não os abraça, então ainda não é buscador da verdade! O buscador do bem-estar sofre muito mais e durante mais tempo, e inevitavelmente será "forçado" a enfrentar o seus medos... já o buscador da verdade sofre num curto espaço de tempo, embora intensamente, e depois Liberdade, Alegria! Esvazia a taça da individualidade e todas as tuas crenças/medos, e conhece quem és Verdadeiramente!


Diálogos com Buscadores da Verdade - 2

2º Diálogo

Buscador:
Tenho planos de ir para Índia, mas estou pensando que passar alguns dias com vocês em retiro possa fazer uma grande diferença para minha viagem. Tenho algumas questões que ainda não estão para mim muito claras... quero aprender a meditar, você fala em técnicas, acho que não as tenho, por isso estou em dificuldade, preciso aprender a me concentrar. Os cursos de yoga aqui da minha cidade são meras academias, sinto falta do desenvolvimento da consciência, fica faltando alguma coisa (Sankhya). Estou lendo o Bhagavad-gita, os ensinamentos de Sri Shankaracharya e Patanjali me atraem muito, mas para colocar em pratica preciso de ajuda. O processo é fundamental e realmente me sinto um pouco perdida. Como você disse: "cegos guiando cegos", ou pior, tem muita gente por ai só reproduzindo textos,fazendo contorcionismos e se dizendo yogues... Você não cita textos (referências bibliográficas rs!), mas eu as percebo nas entrelinhas. Você fala de algum lugar (Rishikesh?). Bom, no momento apenas estou tentando ficar em silêncio, na tentativa de meditar, fazendo japa. Quero enxergar as coisas como elas realmente são, sair da ilusão. Sabe Satyavan, as vezes tenho a impressão de que a coisa é tão simples, mas de tão simples que é desdenhamos por achar que a Verdade se encontra atrás de um complexo enigma o qual temos que desvendar, através de uma função intelectual superior inclusive , será que repousa aí a ilusâo?

Satyavan: eheheheh... a razão pela qual não cito textos (referências bibliográficas) é porque não as há! Se as percebe são apenas as suas ligações de uma coisa com a outra, se estão em sintonia é porque falam da mesma "coisa"... O que coloco nos textos se é que tem algum propósito, talvez seja o de "guiar" de uma forma que apenas os mais atentos percebem... A prática serve apenas para a realização da verdade, e não para dar um sentido no que é entendido como vida, o que a maioria realmente busca, é dar um propósito para a ilusão com que se identificam é por isso que não tem como "avançar", apenas buscam uma existência confortável e não a "origem", e isso é um grande senão "O Grande" equívoco. Realmente é muito simples a realização da Verdade, o difícil é "largar" a ilusão.
Os ensinamentos do yoga servem para guiar da ilusão para a realidade, mas a própria interpretação dos mesmos está condicionada pelo nível de entendimento/consciência do aspirante, ainda assim seguidos com diligência, em honestidade com o ponto onde se encontra, dão o suporte para romper com a ilusão, com as próprias crenças. Em relação às técnicas já não falo mais, pois é irrelevante... mais importante que as técnicas é a motivação, a vontade! Mesmo os próprios textos que leu neste site, aquilo que entendeu e o que eu escrevi são universos quase que inteiramente diferentes, as palavras recebem o significado que o leitor lhes atribui. Aqui no Ashram não passo ensinamentos do yoga, mas vou direto ao ponto, aquilo que te limita aqui e agora, sem filosofias, sem rodeios. A verdadeira India é o centro de silêncio que tu és, a totalidade.


Buscador: sem filosofias, sem rodeios...isso é maravilhoso! fico imaginando... Bom...se entendo que não sou este corpo, sou parte integrante de um Todo... como que se quebra a identificação com o corpo? e como nosidentificamos com o Absoluto? Pois veja só...apenas saber disso (razão) não é suficiente, aí é que está. Como fazer o link com o Absoluto, retirar esta distância ilusória tão dificil de "largar"? Se você "guia" é porque há um caminho, certo? Qual? Quem são os atentos?


Satyavan:  tentar conhecer a verdade através das próprias crenças é como um gato que roda na tentativa de apanhar a própria cauda... coloca que entende que não é o corpo, que é algo integrante com o todo (conceito de corpo e conceito de todo, quando me refiro a corpo falo de individualidade), mas a noção clara como "todos" têm e não poderia ser diferente, de que é "algo" à parte (isto sim diz muito), por muito que imagine que tenha que se identificar com o todo, como se o todo fosse feito das partes, como se fosse uma parte do todo, como se as partes fossem reais...
Se existe algum caminho? Se chamar o abandonar de todos os caminhos e ideias, um caminho, então temos um caminho, a quietude, o ponto zero. Realmente apenas saber disso não é suficiente... ou começa o abandono da ilusão, e lida com os medos que emergem desse processo, ou ela persiste mesmo teorizando que se trata de um sonho. O sofrimento e a alegria também surgem naquilo a que chama de sonho, e quando desperta do sonho, todo o sonho perde a sua importância com a noção clara que é um sonho. Aqui no que chama de realidade a única diferença é que acredita ser real desta forma persiste, investe nisto, tem sonhos aqui, completamente emersa na ilusão convencida que isto e isso por onde se reconhece é real.
Lembre-se as palavras que coloco aqui têm um significado, mas as palavras que chegam aí recebem um significado totalmente diferente, de acordo com as suas crenças. A verdadeira comunicação é de coração com coração. Não se encante apenas com o calor, venha para mais perto, para arder na fogueira.


Buscador: Ontem você me disse que no Ashram você não passa ensinamentos do yoga, mas vai direto ao ponto, aquilo que te limita aqui e agora, sem filosofias nem rodeios. Hoje, que tentar conhecer a verdade através das próprias crenças é como um gato que roda na tentativa de apanhar a própria cauda... A "partir" de onde você fala? (quem te apresentou esta fogueira, onde você buscou este fogo?). Esta pergunta que te faço vai me ajudar a refletir sobre o que me respondeu abaixo.

Satyavan:
falo-te do ponto de quem encontrou o que buscava, não são teorias que te coloco. Este fogueira despertou em mim e nunca mais parou de arder até que nada mais restasse... Todas as ajudas (ensinamentos) me apontavam para o silêncio, e eu mergulhei nele, mergulhei no fogo do meu próprio silêncio. Mas sabes isso não é nada importante, se é necessário para te abrires para as palavras, então é porque ainda não te servem, se buscas essa segurança para credibilizar estas palavras, então ainda não te servem. Essa parte é do coração. A mente questiona, o coração sempre sabe. Mas como te disse, isso é irrelevante, eu sou irrelevante, ao mergulhares em ti saberás, até lá apenas poderás teorizar. Se esta ajuda te serve, ótimo, se não te serve, ótimo... mas isso é para o coração, a mente nada sabe, e tanta confiança é depositada na mesma... Não acredites em mim. Investiga!
 
Buscador: Estou investigando (internamente) tudo o que você me disse. Tentando ouvir o meu silêncio. O fogo estava fraco. Você colocou lenha na fogueira rsrs
 ...obrigada.... !


Diálogos com Buscadores da Verdade - 3

3º diálogo

Buscador: Caro Satyavan, "O nome do jogo que jogas agora é entretenimento"...claro! porque? ou melhor porque NÃO? Investigar...o que viria a ser o karma, maya ou mesmo o prana? Seria trágico se não fosse hilário o quanto a resposta seja óbvia. Ocupar-me, mas, ocupar-me de quê mesmo? RS Aaah claro, o "show". Bom, quem sabe faz, quem não sabe assiste. Contanto que paguem, não estou fazendo caridade RS (brincadeira mercenária) Esse recado pode parecer meio bobo neste momento. Voltarmos as mesmas perguntas, quem sou, quem é você...afinal, dá pra confiar nessas memórias? Toda a lenda se repete, e como o senhor mesmo declarou, um dia, "isto será um épico". E escrevendo isto o que me deixa em dúvidas é se um dia voltarei a vê-lo ou se o Mestre Satyavan me dispensou para sempre em sigilo. Eu ouvi uma vez em uma canção que "a proximidade distancia". Talvez nunca mais nos encontremos e isso possa ser ótimo. Mas faz parte do meu show, dar uma de peter pan e morar na terra do nunca. rs Paz e Luz
 
Satyavan: Bom dia querido! Eheheheh quantos pontos abordados... Sabes, a comunicação tem realmente dessas coisas, é que as palavras são em si são vazias de significado, é a empatia que faz com que a comunicação realmente aconteça. A chave: Um coração que transborda e um coração que anseia receber. Se não há empatia entre o emissor e o receptor, a comunicação ou fica deficiente, ou simplesmente não acontece. O que acontece é um outro fenômeno, bem comum nos dias de hoje, as palavras partem do emissor com um significado X, e quando chegam ao receptor, este (o receptor) atribui o seu significado às palavras, e a mensagem original perde-se desta forma, restando apenas confusão. Os textos que vais encontrar aqui nenhum deles é literal, nem um pouco... é como se estivesse encriptado... Então o teu comentário refere-se ao teu texto eheheheh, convido-te e ler o meu texto! Mas para isso vais precisar do código e ele se chama empatia/amor entre emissor e receptor. Terás de vir ao texto ao invés de levar o texto a ti! “Investigar...o que viria a ser o karma, maya ou mesmo o prana?” eheheh, sim é que a maioria imagina que eu me refiro... Investigação em nada tem a ver com isso... isso é apenas e só investigar o sonho... entreter-se... “Quem sou, quem é você... afinal dá para confiar nessas memórias?” eheheh... a segunda pergunta (quem é você), anula o propósito da primeira (quem sou)... A investigação de quem sou, em nada tem a ver com personalidade/corpo cenário, e a história do mesmo é a isso que se refere a memória... teoricamente poderá até haver a noção que não se é o corpo, mas na prática é essa a verdade implícita/agregada por detrás de cada e toda aparente ação... O épico de que falei é diferente daquele que entendeste... Enquanto houver tanto deslumbre pelo sonho, estas palavras serão encriptadas e não haverá código... Mas no teu “caso” sei que o “sonho” não tem assim tanto poder, já sabes demasiado em ti, e isso torna cada vez mais difícil conciliar... esses ciclos de desespero vs esperança são bem mais avassaladores, mas precisas amadurecer... Eu não dispenso nenhum de vocês, eu apenas vos aguardo pacientemente, e estou sempre aqui. Será que queres mesmo vir aqui, ou ainda estás bem aí? Cuidado eheheh estas palavras poderão parecer encriptadas... dependendo do foco! O homem da barca espera pacientemente aqueles que desejam atravessar o rio, ele não procura ninguém, ele apenas aguarda... ele conhece bem o seu rio, e sabe que apenas poderão atravessar o rio, aqueles que não tiverem mais interesse pela margem, ou pelo menos quando a vontade de atravessar o rio for superior ao interesse pela margem... vários tentam em vão colocar um pé na barca, e ficar com um pé na margem, e a maioria desses, descobre que quando a barca se começa a mover, imediatamente tiram o pé da barca, permanecendo na margem... O homem da barca sabe que aquilo que todos buscam realmente, se encontra depois do rio, e não na margem, mas enquanto a margem for tão preciosa ninguém acreditará nele. Apenas o sofrimento (constatação do óbvio acerca da margem) poderá até um determinado ponto ajudar a largar a margem... enquanto isso, o homem da barca aguarda... Não esclareci os pontos, apenas mostrei o equivoco nos mesmos, se tiveres interesse investiga um pouco mais...
 
Buscador: Caro Satyavan, Decifra-me ou te devoro. Será que temos mesmo opção? No momento que nos conhecemos, percebemos que o caminho é sempre um só, mas as "possibilidades" são múltiplas... Eu já "encontrei" esse homem da barca e já atravessei o rio. RSRSRS O que encontrei? Hum, simplesmente digo que algumas coisas não devem ser ditas, pois o amor dispensa palavras. Também espero pacientemente. Talvez pelos mesmos motivos que o Senhor também espera. Aiai, "Mestre". Claro que o Senhor diria palavras como esta. Mas será que te passou que esse seria o também seria meu texto? A minha resposta? Sei que o senhor...bem...prefiro dizer que só sei, ou melhor, sinto, que sua presença é assim. Esta não é uma questão para mim de observação mas sim, de vigilância. E não sei se percebi seu épico. Mas eu percebo o meu: "Todos os dias é um vai e vem, a vida se repete nesta estação, tem gente que chega pra ficar, tem gente que vai pra nunca mais, tem gente que veio e quer voltar, tem gente que vai e quer ficar, tem gente que veio só olhar, tem gente a sorrir e a chorar..." E sim. Esta também é uma mensagem encriptada. Mas o senhor tem entendimento, mesmo que seja, ao teu modo. Irá entender. Lembro de já ter chorado contigo. Um dia, quem sabe, chorarás comigo. Paz e Luz
 
Satyavan: Olá querido :) As palavras que te enviei são precisas e perfeitamente adequadas a este momento, vê bem para onde elas te levam... As perguntas que surgem "aí" mostram-te qual a tua ilusão. Quanto ao homem da barca ainda não conheceste meu querido, se falas de amor então conheceste a "barca", o que por si só essencial, mas ainda não conheceste o barqueiro, nem tampouco cruzaste o rio. Conheço bem o significado das tuas palavras, daí a reposta, e não, ainda não entendeste o teu épico, apenas acreditas ter entendido... essas certezas trouxeram-te até a esse ponto, num mundo estéril de compreensão, mas também elas sucumbirão, pois já cumpriram o seu propósito, não tem como, nem porquê ser diferente. Quando essas certezas perderem o seu valor, aí será a hora do reencontro... e isso será inevitável meu querido! Quase no final, imediatamente antes de cruzares o rio, chorarei contigo no esplendor da alegria. Até lá aguardarei o esvaziar da tua taça.
 
Buscador: Sendo assim, em uma coisa você pode estar certo: eu ainda nem comecei. As perguntas são meramente ilustrativas. As respostas igualmente propositais. O que eu vigio é a sucessão dos dias, mas o que aguardo é o fim. O que será de mim até lá? Isto que sempre fui. Só estou aqui pela Terra e pela humanidade. Existem muitas formas de amar, mas o meu amor é único. E que assim seja: Brahma-Vishnu-Shiva. Até o seu próximo post inspirado.
 
Satyavan: Isso mesmo meu querido... a sucessão dos dias, e o aguardo do fim... e isso em nada tem a ver com "O Épico", isso é completamente desinteressante, é automático mecânico! É apenas uma surpresa constante do ponto onde te encontras no conhecimento/realização de ti. A todo o momento surge aí naquilo a que chamas o teu espaço íntimo de percepção: sensações, emoções e sentimentos, que imaginas serem teus, serem reais, e parecem desencadear desde pequenas oscilações até verdadeiros cataclismos, e isso faz parte da peça, do entretenimento... isso irá continuar até ao tal fim, e depois recomeçar, incansavelmente... sei que conheces um pouco da "grandeza" mas a associas com isso (corpo/cenário) por onde a experimentas agora. Em todo esse tempo que observas o desenrolar automático mecânico daquilo a que chamas a tua vida (a vida do corpo), o mais importante passa despercebido, aquilo aí que observa, a Fonte de Esplendor que és Tu. De que humanidade falas se apenas Tu existes, se És Totalidade? Muitos dos problemas que tens experimentado tem sido pelo fato de trazeres "demasiada bagagem"(conhecimento de ti) para colocar num guarda roupa minúsculo (complexo corpo/mente), a percepção do esplendor... O Épico é a Realização da fonte do Esplendor, em nada tem a ver com a vida do corpo/mente! No que diz respeito ao corpo/mente, tudo isso se "cumprirá"... "Trazes em ti" um pouco da percepção do Esplendor, falta mergulhar na fonte e diluires-te "Nela". Isso (a vida do corpo/mente) já não te convence muito, ainda assim não encontras alternativa e "continuas"... no sonho, o inicio é o prenúncio do fim, e o fim o prenúncio do início! Enquanto a importância se encontra no sonho será assim como tens experimentado. De fato o "sonho" ou seja aquilo que te parece real, que parece ter um propósito é apenas entretenimento, distração do Real... enquanto a importância for atribuído ao sonho, o mais importante passará ao lado e o sonho cumprirá o seu propósito real: te distrair! Naquilo a que chamas de sonho, quando imaginas que dormes, experimentas mundos completos, desenrolar de acontecimentos, um corpo, um cenário, e uma humanidade...quando "acordas" aquele mundo ao qual chamas de real "emerge"... de onde veio o mundo sonho e para onde é que ele foi? E de onde veio o mundo ao qual chamas de Real e para onde ele tinha ido? A certeza do propósito e a importância associada ao mesmo tem sido o pacificador das águas da turbulência do inconformismo com aquilo que parece ser real... Mas será mesmo assim? Te garanto que não! Tudo isso terá de ser rompido! Precisarás colocar a bagagem de lado como se de nada soubesses, o inconformismo será o maior aliado! Tu não és o corpo/mente, um ser na humanidade, tu és Totalidade! Desperta para ti! 


Diálogos com Buscadores da Verdade - 4

4º Diálogo

Buscador:
Suas palavras são sabias e carregadas de amor, porem acabam se perdendo entre tantos "ser ou não ser".... Parece tão claro para quem fala de fora, porém não imagina o quanto é escuro aqui dentro.... Sou uma pessoa que luto para me amar, e entender o porque de tanta dor, mas a cada psicólogo, médico, remédios, terapias alternativas, florais, yoga ou meditação, tudo volta ao ponto zero : só sei que nada sei. Não entendo, me perco no entendimento. É claro no inicio, mas se perde no final, e do meu coração as palavras passam a procurar sentido no meu cérebro. O que poderia ser mais claro para mim? Como poderia ser mais claro? No silêncio apenas ouço palavras malvadas, que me acertam e machucam, constatando o que sinto ser : uma louca, fraca e inferior.
 

Satyavan: Amiga, conheço bem a escuridão que fala, conheço bem esse processo de buscar e não encontrar, de tentar e não conseguir, conheço bem esse desespero de uma luta sem tréguas, que parece que não ter fim, conheço bem até as causas de tudo isso... E tudo regressa ao ponto zero, no fundo nunca de lá saiu. Conheça melhor esse ponto zero, um dia será ponto Pleno. Antes disso terá de ir fundo nessas crenças que carrega, e ao invés de se entregar às palavras malvadas, entregar-se plenamente a esse silêncio até se diluir nele.  Até lá será mesmo assim, as experiências que vai "encontrar" apenas vão confirmar as suas crenças, pois de fato essas experiências são o fruto dessas crenças, então não poderia ser diferente...


Diálogos com Buscadores da Verdade - 5

5º Diálogo

Buscador: Olá Satyavan, como estou aí? heheehe... Já li diversas vezes este artigo e cada vez que leio o entendo diferente. Me identifico muito com ele pois vejo que já experimentei vários exemplos citados, principalmente o de querer ensinar o caminho sem o ter percorrido... que lástima!! "Cego guiando cegos". Me sinto realmente em círculos a chegar no mesmo lugar como dizes. Pensamentos que sei que irão me fazer mal, insisto em pensá-los.Por que? Estou infeliz em um trabalho que faço, não consigo sentir prazer nele, só o faço pelo dinheiro...gostaria de largá-lo, mas e as contas a pagar??? Mais uma vez que lástima!!! me encaixo perfeitamente em seu artigo... Quando terei coragem de abandonar a ilusão ou saberei o que é abandonar a ilusão? ... No caso do trabalho, se eu o abandono e vou para outro, será que serei feliz alí? Ou será sentir prazer ou buscar o prazer no trabalho atual, visto ser digno do ponto de vista deste mundo!
Será que realmente eu quero quebrar com a ilusão, como dizes... ou quero apenas me sentir melhor?? Melhor até quando? O que é quebrar com a ilusão? Desculpe se estou sendo repetitivo


Satyavan: Olá amigo, seja sempre bem-vindo! Quando parar com o conflito consigo mesmo, verá como "tudo" ganhará cores mais suaves... quando se deixar literalmente em paz, verá "tudo" com mais clareza... enquanto continua esse conflito, essa perseguição e cobrança para consigo mesmo, continuará uma aflição que parece não ter saída... Aprenda a sorrir para os pensamentos que emergem "aí", e não lhes dê importância, deixe-se em paz, sorria para as cobranças que "aí" emergem, tudo isso são as "ancoras" da ilusão... e não tem valor algum, além daquele que lhe atribui... A felicidade em nada tem a ver com os cenários, enquanto buscar felicidade nos  cenários terá sempre a mesma experiência... Mas quando, ao invés de buscar a felicidade nos cenários, passar a fazer dos cenários uma expressão da sua felicidade, da sua alegria, então naturalmente, os cenários antigos mudam, nem que seja apenas a seus olhos, mas geralmente mudam mesmo. O valor do cenário, continuará a ser o mesmo, nenhum! Continuará a ser irreal, apenas a qualidade da experiência mudará... Para quem busca conforto, bem-estar, isso poderá ser importante, mas para quem busca a Verdade, será irrelevante, no entanto poderá, deverá até talvez ser uma consequência dessa busca. A história desenrola-se... toda essa vida com todo esse entendimento, está a mostrar-se vazia de significado, está a mostrar a sua verdadeira natureza, a verdade em si está a romper com tudo isso... nesse percurso o mais natural é que tudo mude, o que aparentemente retarda tudo isso, são os medos, diríamos nós, se por acaso a história fosse o importante, ou pelo menos esse lado da história, mas essa conquista dos medos levará ao despertar. Descubra os medos e conquiste-os, viva-os sem fugas, até que percam a importância! A Alegria está "aí", é "aí", não necessita procurar, liberte-se dos medos...


Diálogos com Buscadores da Verdade - 6

6º Diálogo

Buscador: Eu ainda estou dormindo nesse mundo, apesar de me sentir tão acordado. Eu vejo que tudo não passa de um sonho o tempo todo e muitas vezes não são os sonhos que nós sonhamos e sim o sonho de outros. Isso pode parecer certo mas pra mim parece tão errado...tudo tão cheio de conceitos de certo, errado, liberdade, igualdade que no fim das contas não fazem sentido algum. Ás vezes, me sinto longe de casa, mesmo estando nela. Minha experiência como ser humano tem sido mágica, com seus negativos e positivos, e me sinto só nesse fim. Será que um dia as pessoas vão acordar pra elas mesmas? Pro deus que existe em cada um deles? Ouvi uma vez que o mundo é um corsel de deuses adormecidos. Sinto ser verdade. Mas acabo me pegando sonhando mais uma vez. Não há certezas nessa vida. Nem mesmo a morte. Se eu dissesse que eu vi a cara da morte você acreditaria? E eu ainda estou aqui, seja lá o que isso signifique. O passado não existe hoje e o futuro será só mais uma repetição de tudo que já aconteceu. Teve um dia que eu estava sofrendo por estar com mais energia que devia e tudo que queria era voltar pra casa. E daí pensei "Será que é isso que realmente queremos? Voltar pra casa? Em um sentido maior?" Mas uma certeza eu tenho. É o amor que sela as coisas. É o amor que nos desperta. A experiência no Ashram nunca saiu da minha mente nem um segundo, até mesmo em sonhos. Sempre retorno em mente para aquela sala e você sempre está lá, como meu mestre. Não poderei ir esse ano mas sonho que ano que vem nos conheceremos novamente na nova sede ou na velha, porque essa experiência me fez descobrir um profundo sentimento de devoção e pureza de alma. Ficarei feliz com uma resposta :)
 
 
Satyavan: Olá querido, amadurecer, amadurecer, observar e largar, sem sair, sem entrar, sem mudar, sem chegar, sem partir, observar e largar sem mudar... as teias vão ficando mais finas mais tênues, até que desaparecem de vez...  Não há para onde ir, não há para onde regressar, apenas existe Glória, Esplendor, Totalidade! Acordar, despertar, sentidos maiores, sentidos menores, regressar a casa... pura ilusão, pura ilusão... não desesperes, e mesmo que desesperes não faz mal, pois faz parte desta história que nunca aconteceu, e que aparentemente se desenrola na Infinitude do Teu Esplendor! Observa tudo, pois tudo brota de ti, brota do teu centro, observa tudo isso e retira a sua importância, muito verás sem nada ver, não tem importância, deixa-te amadurecer, entrega-te à alegria, entrega-te à tristeza, entrega-te à magia, entrega-te à agonia, entrega-te sem te entregares, toca sem tocar, deixa-te amadurecer... Estou sempre por aqui, estou sempre por aqui...